quinta-feira, 24 de março de 2011

Eu

O mundo, as pessoas, as mudanças, os fatos inevitáveis, as distâncias e até mesmo as aproximações. Tudo, de vez em quando, me assusta.

E é incrível o poder terapêutico de criar coreografias.

Concentrar-se atentamente no compasso, encontrá-lo até mesmo quando está muito escondido numa melodia. Compasso encontrado, definir o que ele significa naquele momento. Definir mesmo, não sugerir. Sugerir indicaria dúvida... Definir indica que me liberei da dúvida e decidi resolver a questão. A partir do significado do compasso, ouvir a melodia e encontrar nela o sentimento. Sentir em mim e traduzir o sentimento e o significado do compasso. Tradução, nesse caso, do que é para como se fala, dança. Testar. Atacar o chão com as manchas das possibilidades. Atacar o ar com as mãos das intenções. Caso a tradução seja fiel, compasso pronto. Caso contrário, limpar o chão, o coração e a mente, para nova tentativa. Coreografar é traduzir em dança um sentimento criado por mil pessoas. Dançar é ler o significado com a fluência do movimento. Compasso pronto, começar de novo e de novo e de novo, até o fim da música...


E o susto ficou guardado em algum lugar meio esquecido...