Mocinha-furacão*

Quero fazer tudo correto e limpo, de linhas magníficas, tudo conciso, tão rígido que demonstre a perfeição. Mas minha rigidez se equilibra numa pena de passarinho amarrada numa teia de aranha presa na asa de uma borboleta. Basta ver uma flor, que ela logo se agita e tudo desmorona como uma queda na piscina de bolinhas.

Quero conhecer profundamente, olhar, desvendar, desmontar e remontar da maneira que me parecer mais adequada no momento. Mas o momento passa tão rápido que o adequado desaparece.

Quero olhar nos olhos, com toda displicência fingida de altivez, e falar palavras que calam, que despertam os mais absurdos desejos. Mas me desarmo tão facilmente quanto uma faísca... e desato a sorrir e me avermelhar embaraçada.

Quero mesmo, de verdade, é rodar, rodar, rodar, rodar, rodar... num furacão.

(*) By Pedro